sábado, 27 de junho de 2009

O clímax da celebração
O espetáculo cruel
É o errante no chão
É o perfeito no céu

Falsa adoração

Emerge a vaidade
De causar mais rebuliço
Que o corpo da celebridade

A morte é a melhor propaganda

Quem se aceita um mito
Não esboça um grito
Olha para frente
Mas é pra trás que anda

E agora o mundo finge que chora
E sai dançando
E dando entrevista

Disputando quem é que mais sente
A morte recente
De mais um artista

Mas isso não dura
É a certeza que se tem
O luto forçado
É sempre desviado
Se morre mais alguém

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cá estou eu em meu lugar, o mundo
Passo o tempo vendo o tempo passar
Conto as horas, os minutos, os segundos
O tempo todo, a ver e a contar

Não perco tempo
Não me atrapalho
No meu trabalho
De registrar

Não tenho medo
De não ter tempo
Pois tenho o tempo
Que o tempo dá

Há tanto tempo
Que conto o tempo
Que não dá tempo
De lamentar

Só continuo
Contando o tempo
Enquanto há tempo
Pra se contar

Eu conto o tempo, não faço planos
Não tenho folga dessa minha sina
Eu, estapafúrdico arauto de Cronos
Tornei-me escravo da minha rotina

domingo, 14 de junho de 2009

Ressaca

Quis abrir o olho
Não dava

Quis sair da cama
Não pude

Quis dizer bom-dia
Não disse

Levanto com a cabeça
Funda na certeza:
Beber demais é tolice