Inesperadamente
Pousou na minha janela
uma fada
A confusão que eu sentia
Era a presença dela
passada
Não era fada-madrinha
Nem madrasta
Era uma fada-menina
Enteada
Filha do meu amor
Com a vida que eu imaginei
E que acabou por mim
adotada
Mal-criada essa fada
Não concedia pedidos
Só queria voar, desvairada
Queria tanto ser livre
Que acabou à própria liberdade
atada
A fada, coitada
Recebeu o amor desavisada
Se assustou e voou
Com a cara amarrada
Deixou a varinha e as asas
Deixou a alegria sem casa
Deixou-se levar, enganada
Deixou de ser fada
E hoje anda na rua
Do lado da gente
Caminha sozinha
Em qualquer calçada
Sem saber onde está indo,
Segue nunca sentindo
Nem amor, nem saudade
Nem nada