domingo, 29 de agosto de 2010

Essa fada

Inesperadamente
Pousou na minha janela
uma fada
A confusão que eu sentia
Era a presença dela
passada
Não era fada-madrinha
Nem madrasta
Era uma fada-menina
Enteada
Filha do meu amor
Com a vida que eu imaginei
E que acabou por mim
adotada

Mal-criada essa fada
Não concedia pedidos
Só queria voar, desvairada

Queria tanto ser livre
Que acabou à própria liberdade
atada

A fada, coitada
Recebeu o amor desavisada
Se assustou e voou
Com a cara amarrada

Deixou a varinha e as asas
Deixou a alegria sem casa
Deixou-se levar, enganada
Deixou de ser fada


E hoje anda na rua
Do lado da gente
Caminha sozinha
Em qualquer calçada
Sem saber onde está indo,
Segue nunca sentindo
Nem amor, nem saudade
Nem nada